terça-feira, 29 de março de 2022

Vacina da Pfizer tem eficácia de apenas 12% em crianças

 Vacina da Pfizer tem eficácia de apenas 12% em crianças; entenda o possível motivo


Estudo feito nos EUA indica forte queda na proteção contra infecção, que passou a ser de 12%, e também na eficácia contra Covid grave, que caiu de 100% para 48%; surgimento da Ômicron é fator importante, mas há outro elemento envolvido; saiba qual

Estudo feito nos EUA indica forte queda na proteção contra infecção, que passou a ser de 12%, e também na eficácia contra Covid grave, que caiu de 100% para 48%; surgimento da Ômicron é fator importante, mas há outro elemento envolvido; saiba qual

A vacina da Pfizer reduz em apenas 12% os casos de infecção pelo coronavírus em crianças de 5 a 11 anos. Foi o que constatou um estudo publicado pela Universidade Estadual de Nova York, que analisou os casos de Covid nessa faixa etária entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022 – período que coincide com o surgimento e a ascensão da variante Ômicron. 

À primeira vista, a Ômicron parece ser a responsável pela forte queda na efetividade da vacina em crianças de 5 a 11 anos – que, antes do surgimento dessa variante, era de 68%. Porém, o estudo também avaliou adolescentes de 12 a 17 anos, e nessa faixa etária a redução não foi tão forte: a proteção contra infecção sintomática caiu de 66% para 51%.

O estudo traz uma possível explicação: a dose da vacina. Nos Estados Unidos, as crianças de 5 a 11 anos recebem duas doses de 10 microgramas da vacina da Pfizer – bem menos do que os adolescentes, em que a dose é de 30 microgramas, a mesma aplicada em adultos. 

A redução da dose infantil é uma tentativa de minimizar possíveis efeitos colaterais. A vacina ainda não foi liberada para crianças com menos de 5 anos; os testes clínicos nessa faixa etária estão usando doses ainda menores, de 3 microgramas. 


Mas o novo estudo mostrou que a dose reduzida pode comprometer a proteção oferecida pela vacina. “A descoberta de uma efetividade marcantemente menor em crianças de 11 anos, se comparadas com outras de 12 e 13 anos, a despeito de sua fisiologia similar, sugere que a dose mais baixa pode explicar a menor efetividade na faixa etária entre 5 e 11 anos”, diz o estudo.  

Os 12% de efetividade são contra infecção. Mas o estudo também apontou forte queda na proteção contra Covid grave, que caiu de 100% para 48%. Já entre os adolescentes, que tomam a dose maior, essa queda não foi tão intensa: de 94% para 73%. 


O estudo reflete o uso de duas doses da vacina, tanto em crianças quanto em adolescentes. Em janeiro, a FDA americana autorizou a terceira dose para adolescentes, mas apenas 12,5% dessa faixa etária haviam recebido esse reforço no período avaliado pelo estudo. A dose de reforço ainda não foi liberada para crianças de 5 a 11 anos.



sábado, 19 de março de 2022

ACELERADOR DE PARTICULAS



 Assimetria em acelerador de partículas pode apontar por que Universo é feito de matéria

Estudo realizado pelo Centro Europeu de Física de Partículas tem forte participação brasileira

Novos resultados vindos de um dos experimentos instalados no LHC, o maior acelerador de partículas do mundo, podem trazer pistas do que estaria faltando em nossa compreensão da física de partículas e, de quebra, ajudar a explicar por que o Universo é feito de matéria, e não de antimatéria.


O trabalho, que tem forte participação brasileira (centrada no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio de Janeiro), foi apresentado durante um seminário do Cern (Centro Europeu de Física de Partículas, localizado em Genebra, na Suíça) na última terça (15), mas ainda não rendeu um artigo científico publicado em periódico com revisão por pares —isso está sendo retardado em razão da invasão russa na Ucrânia.


O LHC (sigla inglesa para Grande Colisor de Hádrons) é um enorme circuito fechado de 27 km em que supercondutores, por meio de campos magnéticos, aceleram prótons a altíssimas velocidades, para depois fazê-los colidir de frente um com o outro.

Para quê? Quando esses prótons colidem, sua massa e toda a energia de movimento acumulada (conforme eles são acelerados a velocidades próximas à da luz) são convertidas em uma torrente de partículas de todo tipo, que então são analisadas por detectores instalados em vários pontos ao redor do anel

Cada um desses pontos tem um experimento específico, e dessa vez estamos falando do LHCb, um dos quatro mais importantes instalados no acelerador. Outros dois, CMS e Atlas, ficaram famosos em 2012, quando foi anunciada a descoberta do bóson de Higgs, celebrado como a figurinha que faltava para completar o álbum do chamado modelo padrão da física de partículas.


Esse é o nome que se dá ao amplo arcabouço teórico que reúne todas as partículas conhecidas e suas interações. É um resumão de tudo que entendemos sobre os componentes do universo, escorado na mecânica quântica (excluída apenas a força da gravidade, por motivos que até hoje os físicos coçam a cabeça para entender).


Todo mundo festejou a descoberta do Higgs, rendeu Prêmio Nobel e tal, mas depois da alegria restou a angústia: há muitos motivos para acreditar que o modelo padrão está incompleto. A matéria escura, por exemplo, sabemos que existe (porque tem efeitos gravitacionais astrofísicos notáveis), mas não tem correspondência com nada no modelo padrão. E, claro, há questões fundamentais ainda a serem respondidas, como a composição da matéria do cosmos, que não encontram resposta no modelo.


Entra em cena o LHCb, com um resultado que pode começar a ajudar a superar o que os físicos como Rogério Rosenfeld, da Unesp (e não envolvido com o atual trabalho), chamam de pHd: "post-Higgs depression", ou depressão pós-Higgs. Seu foco é estudar o processo de decaimento de partículas instáveis conhecidas como mésons B. Elas são compostas por um quark e um antiquark, sendo que esse antiquark é do tipo b (de bottom, ou beauty).


Se você nunca ouviu falar nos quarks, não se sinta mal. Eles não existem avulsos no universo, exceto em situações extremas. Sua combinação mais estável e típica é em trios, onde eles formam os conhecidíssimos prótons e nêutrons. Mas os mésons B surgem dos estilhaços das colisões de prótons do LHC e, quando sofrem decaimento  

(o que ocorre muito rápido), o que resta deles pode ser analisado pelos detectores do LHCb.

Observando esse processo toneladas de vezes, a equipe da colaboração LHCb vai notando quais são os produtos desse decaimento. E aqui entra a revelação crucial: a quantidade de mésons B de carga positiva que se desintegram em um produto específico é diferente da quantidade de mésons B de carga negativa que se desintegram nesse mesmo produto.


"Ou seja, a partícula se desintegra com mais frequência do que a sua antipartícula (ou vice versa)", explica Laís Soares Lavra, pesquisadora brasileira no Cern e membro da colaboração LHCb. "O que observamos foi excesso de 75% de mésons B em relação a antimésons B."


O processo é conhecido entre os físicos como uma violação de CP (carga-paridade) e é empolgante neste caso por dois motivos. Primeiro, porque violações desse tipo são algo esperado para explicar por que o Universo é feito de matéria, e não de antimatéria. Sabemos que o Big Bang (que pode ser visto como o LHC definitivo, realizando o mais energético experimento de colisão de partículas possível, quando todo o conteúdo do Universo estava espremido num espaço menor que a cabeça de um alfinete) deve ter produzido, em princípio, quantidades iguais de matéria e de antimatéria. Ou seja, para cada próton, com sua carga positiva, viria um antipróton, com carga negativa. Para cada elétron, com carga negativa, um pósitron, com carga positiva. E assim por diante

Só que isso enseja um problema. Partículas e antipartículas, ao se encontrarem, se aniquilam, gerando como subproduto radiação. No começo do Universo, 13,8 bilhões de anos atrás, com tudo espremido do jeito que estava, não faltaram ocasiões para essas colisões, de modo que poderíamos esperar um cosmos de radiação pura, sem matéria —e sem graça.


E, no entanto, não é o que temos. Acabamos, felizmente para nós, com um universo que é todo feito de matéria. O que significa que, de algum modo, houve uma sobra de partículas sobre antipartículas quando as colisões terminaram —e um caminho para explicar isso é encontrar assimetrias de CP. De algum modo, as leis da física devem favorecer matéria sobre antimatéria.


O novo resultado resolve essa questão? "Não resolve", diz Lavra. "Medimos essa assimetria, mas existem alguns modelos que preveem a observação dessa assimetria —porém na ordem de 10%."


E aí é que o resultado fica realmente promissor. Se fossem os 10%, tudo estaria "em casa" com nossa compreensão atual da física. Como deu muito mais – 75% –, serão necessárias ideias novas para explicar a enorme disparidade. "É a maior assimetria já observada até o momento", completa a pesquisadora.


Física de partículas experimental, contudo, é um negócio traiçoeiro. Quando você estilhaça prótons com alta energia e converte tudo em mais partículas, muito do que acontece tem um componente de aleatoriedade introduzido pela mecânica quântica, de forma que só se pode confirmar uma descoberta específica depois que o mesmo fenômeno é observado com enorme frequência.

O bóson de Higgs, por exemplo, só teve a descoberta anunciada depois que a detecção sistemática da partícula atingiu uma confiança de 5-sigmas, cientifiquês para "probabilidade inferior a 1 em 3,5 milhões de um resultado espúrio".


Por isso, o pessoal do LHCb segue cauteloso. "Ainda é cedo para falar de nova física", diz Lavra. "Um dos modelos prevê 10%, portanto os outros 65% poderiam vir de outros mecanismos desconhecidos, que podem ou não ser acomodados no modelo padrão. Poderia ser um sinal de nova física ou não, ainda não sabemos."


Como aprofundar a investigação? Mais resultados. O LHC vai retomar os experimentos, na terceira tomada de dados, no próximo dia 24. "Em particular, o experimento LHCb terá um novo detector, capaz de fornecer até dez vezes mais estatística que atualmente. Isso possibilitará o estudo mais detalhado desses proces


sos.

terça-feira, 15 de março de 2022

ESTUDAR INGLES COM A BIBKIA

 “For God so loved the world that he gave his one and only Son,

so that whoever believes in him shall not perish but have eternal life.” 

Além de você praticar sua habilidade de entender e pronunciar o versículo em

inglês, nessa aula você tem acesso a 8 pontos (novos ou de revisão) extremamente

úteis sobre o idioma e aqui estão eles:

1- For substituindo o because em respostas, explicações

“for I know the plans I have for you…”

2- Interpretar: uma mesma palavra pode ter várias traduções (não se prenda!)

love- verbo AMAR e substantivo AMOR

-I LOVE JESUS

-THE LOVE OF GOD

3- So loved

Intensidade

4- That e opções que poderiam ser usadas para dizer a mesma coisa A FIM DE QUE/

COM A INTENÇÃO DE…

So that

In order that

5- One and only - exclusividade

6- Whoever

Anyone who (+form.)

Anybody who (- form.)

Any person who loves money never has enough;

Whoever = any person who…

Wherever -“Wherever I go, He is with me.”

Whenever - “You can call Jesus whenever you need.”

Whoever - “Whoever is here, please tell me your name.”

Whatever (tanto faz)* - “You can do whatever you want with your time, but be wise!”

Whichever - “Whichever room you choose, you will be comfortable.”

However* - “You can come however you are.”


sábado, 12 de março de 2022

VACINA COVID (tudo que eles escondem)

 Nos Estados Unidos, o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid) organiza um estudo para compreender uma classe de efeitos adversos das vacinas de mRNA (RNA mensageiro) contra a covid-19: as reações alérgicas sistêmicas após o imunizante da Pfizer ou da Moderna. A pesquisa não deve investigar a relação com casos graves (anafilaxia).

No geral, reações alérgicas graves às vacinas de mRNA contra a covid-19, incluindo reações de anafilaxia com risco de vida, como pressão arterial baixa e dificuldade para respirar, são raras, na ordem de cinco casos por milhão de doses de vacina administradas”, explica Pamela Guerrerio, do Niaid, em comunicado.

"Nosso estudo visa fornecer uma melhor compreensão dos mecanismos responsáveis ​​por reações alérgicas sistêmicas, como urticária, inchaço, dificuldade para respirar e tontura ou desmaio”, detalha a pesquisadora.

Como será o estudo sobre as vacinas de mRNA?

No estudo norte-americano, os cientistas do Niaid devem recrutar 100 pessoas, com idades entre 16 e 69 anos. Em comum, todos devem ter apresentado um quadro de reação alérgica leve ou moderado, após receberem a primeira dose da vacina de mRNA

Os voluntários devem receber uma segunda dose da mesma vacina, mas em um ambiente totalmente controlado: uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital. Nessas condições, reações alérgicas potencialmente graves podem ser mais facilmente controladas. O tempo de permanência na UTI de cada participante deve ser de no mínimo quatro dias.


O curioso do estudo é que, além da vacina original contra a covid-19, os participantes também receberão uma versão placebo (sem eficácia da fórmula), mas não saberão qual a ordem das aplicações.


Além disso, na admissão e durante a internação, os voluntários passarão por testes respiratórios e coletas de sangue. Também irão preencher questionários sobre a saúde mental/ansiedade antes, no momento e nos meses seguintes à vacinação. Passarão ainda por uma entrevista por telefone uma semana após a alta. Por fim, deverão voltar ao hospital uma vez por mês durante cinco meses para que a equipe de médicos e cientistas possa analisá-los.


Vale destacar que, na pesquisa, não serão recrutadas pessoas que desenvolveram reações alérgicas graves (anafilaxia) após a primeira dose da vacina. Em casos extremos e sem o atendimento adequado, o indivíduo pode morrer por causa da anafilaxia.

Reforço da vacina contra a covid

“As pessoas que sofreram uma reação alérgica depois de receber uma vacina de mRNA contra a covid-19 podem hesitar em completar seu regime vacinal”, explica Anthony Fauci, diretor do Niaid. “Este estudo nos ajudará a determinar se indivíduos que sofreram reações alérgicas sistêmicas moderadas podem receber com segurança uma segunda dose de uma vacina de mRNA”, completa.


Após o período de acompanhamento, os participantes que tolerarem a segunda dose da vacina com nenhum ou apenas sintomas leves receberão uma dose de reforço da fórmula da Pfizer.


..

VACINAS COVID ( O QUE ELES ESCONDEM DO POVO

 Como se tornou o padrão”, diz de forma resignada o juiz americano Mark T. Pittman em sua decisão de janeiro, “as partes não conseguiram concordar com uma agenda de produção [de documentos] mutuamente aceitável”. As partes são a Administração de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos (FDA) e a organização sem fins lucrativos Profissionais da Saúde Pública e Médicos pela Transparência (PHMPT). A última forçou a primeira, via Lei de Acesso à Informação do país, a liberar documentos a respeito dos trâmites que levaram à aprovação da Comirnaty, vacina de mRNA da Pfizer-BioNTech. O processo começou em setembro de 2021

A FDA foi condenada pelo juiz a tornar públicas 300 mil páginas dos documentos, começando com a liberação imediata de 12 mil, seguida de 55 mil páginas por mês. Antes, em novembro, a agência havia proposto liberar os documentos no ritmo de 500 páginas por mês. Isso significa que a liberação completa levaria 55 anos ou mais. A justificativa para esse plano intergeracional é que somente dez funcionários cuidam dessa tarefa, e que já estavam ocupados com 400 outros pedidos de informação via lei de acesso à informação. É preciso, por exemplo, anonimizar pacientes nos documentos. Mas o juiz não se convenceu.

O juiz mandou que a ONG e a agência publiquem um relatório de progresso no dia 1º de abril. A primeira leva de 55 mil páginas foi liberada no dia 1º de março, perdendo atenção nas notícias para a situação na Ucrânia. A ONG reclamante selecionou 150 arquivos, equivalentes a 500 páginas (menos de 0,2% do total) e os disponibilizou em seu site. A Gazeta do Povo traz abaixo uma seleção das informações contidas nesses documentos, com explicações e pontos de cautela.

Um documento traz informações previamente confidenciais de 191 locais em que foram realizados os estudos da vacina, e o pesquisador responsável por cada um. A grande maioria é nos Estados Unidos, mas também foram envolvidos África do Sul, Alemanha, Argentina, Turquia e inclusive o Brasil. Alguns pesquisadores ficaram responsáveis por mais de um centro. Por exemplo, a pesquisadora Laura Hammit, da Universidade Johns Hopkins, ficou com nove centros. No Brasil dois locais foram envolvidos: Cristiano Zerbini cuidou do estudo no CEPIC (Centro Paulista de Investigação Clínica e Serviços Médicos Ltda.), em São Paulo; e Edson Moreira da Fiocruz conduziu o estudo no Hospital Santo Antônio e Associação Obras Sociais Irmã Dulce, em Salvador.


Estão listados também quatro locais em que o estudo foi conduzido pela subcontratada Ventavia Research Group, de onde veio uma denúncia de más práticas de pesquisa pela ex-funcionária Brook Jackson publicada em novembro de 2021 na revista científica British Medical Journal (BMJ). Brook Jackson tem experiência de 18 anos em ensaios clínicos e tinha posição imediatamente abaixo de CEO na Ventavia, supervisionando a obediência da empresa às leis, regulamentos e protocolos científicos

A publicação da BMJ foi rotulada no Facebook como “sem contexto” pela agência de checagem de fatos Lead Stories. Seguiu-se uma disputa pública entre a agência e a revista. Jackson no momento está processando a Ventavia e a Pfizer em um tribunal do Texas que liberou no mês passado um documento dos trâmites do processo.


A ex-auditora clínica alega ter observado diariamente “fabricação e falsificação de informações em amostras de sangue, sinais vitais, assinaturas e outros dados essenciais” do estudo local, acusa a Ventavia de ter incluído participantes ilegítimos, incluindo familiares, de ter mantido o imunizante em temperatura inadequada, entre outras más práticas. Importante lembrar que somente 2% dos locais de teste foram administrados pela Ventavia.


Engolir moeda, ser atingido por um raio: eventos adversos?

Particularmente interessante é o documento de título “Análise Cumulativa de Relatos de Eventos Adversos Pós-Autorização da [Comirnaty] recebidos até 28 de fevereiro de 2021”. As primeiras doses do imunizante foram autorizadas para armazenamento em 1º de dezembro de 2020, e para uso emergencial dez dias depois nos Estados Unidos. A aprovação completa veio quase um ano depois, em 21 de agosto de 2021. Portanto, os dados incluídos neste relatório vão até seis meses antes da aprovação completa da vacina da Pfizer.

A análise cumulativa foi produzida em resposta a uma requisição da FDA por um plano de farmacovigilância, como a introdução do documento mostra. Antes de discutir os resultados, é muito importante que fique clara a diferença entre evento adverso e efeito colateral. Evento adverso é quase literalmente qualquer coisa negativa que possa acontecer com um participante de um estudo clínico como o desenvolvimento da vacina

Em um documento similar a respeito da segurança da vacina da Pfizer para crianças, disponível no site da FDA, é listado como evento adverso, por exemplo, o caso de uma criança que engoliu uma moeda (p. 45). Já outro relatório a respeito da vacina de mRNA da concorrente Moderna lista como evento adverso sério o caso de uma pessoa idosa que foi atingida por um raio (p. 54). Ninguém em sã consciência pensaria que esses seriam efeitos de ter tomado as vacinas. A palavra efeito implica relação de causa e consequência.

Sabemos que a miocardite em homens jovens a uma taxa de 10 a 20 por 100 mil é um provável efeito da vacina da Pfizer. Mas isso é porque foram feitas mais investigações para ligar o evento adverso a este fator. É por cautela que os pesquisadores incluem todo tipo de evento adverso não só daqueles pacientes que receberam a vacina como também dos que não receberam e são do grupo controle (que não recebe nada) ou placebo (que recebe algo inócuo sem saber se é a vacina ou não). Inicialmente ao menos, os pesquisadores também não sabem quem recebeu a vacina ou não (a falta de anonimização de participantes foi um dos defeitos alegados por Brook Johnson no caso dos testes locais da Ventavia). Além disso, ao coletar eventos adversos ativamente ou passivamente, os pesquisadores também não sabem se um evento adverso como, digamos, derrame cerebral é comparável ao caso de engolir moeda ou ser atingido por um raio, ou se é mais parecido com a miocardite masculina jovem.

Por isso, aqueles que estão usando a liberação desses documentos para alegar ou insinuar que todos os eventos adversos listados na análise cumulativa foram causados pela vacina da Pfizer estão fazendo desinformação, de forma consciente ou não.


Resultados da análise cumulativa até fevereiro de 2021

Ao atender ao pedido judicial por informação, a FDA removeu do relatório da análise cumulativa o número total de doses entregues ao redor do mundo (p. 6), mas informa que há 42 mil relatos de eventos adversos, 2% dos quais são mortes. A remoção das informações é feita com uma tarja cinza com um código em cor preta que vem da lei americana e significa que foi ocultada uma informação sensível. Pode ser sensível para o governo federal, ou uma informação comercialmente sensível para a fabricante da vacina

Por exemplo, é ocultado o número de novos funcionários que a Pfizer contratou em tempo integral na época para lidar com os relatos de eventos adversos, que é informação privilegiada a respeito da empresa, assim como o número de funcionários que ela planejava contratar até junho de 2021. A FDA não existe para prejudicar comercialmente a Pfizer, mas para regular seu trabalho e monitorar a segurança de seus produtos. No entanto, a remoção da informação do número total de doses tem o efeito de dificultar o cálculo da incidência de cada tipo de evento adverso por dose.


Fica evidente a inadequação dos relatos de eventos adversos para fazer conclusões causais quando se analisa os 42 mil casos. Por exemplo, 71% dos relatos são a respeito de mulheres, contra 22% dos homens (o resto não tem informação de sexo). Isso não está de acordo com um dos efeitos adversos preocupantes mais bem conhecidos, que acontece mais em homens jovens. Uma hipótese que explica isso melhor é que as mulheres são mais propensas que os homens a buscar ajuda médica, são mais avessas a correr riscos. Isso exemplifica como os relatos têm ruídos de influências diversas que nada têm a ver com a real incidência de reais efeitos colaterais. No entanto, mais pessoas do grupo dos vacinados tiveram eventos adversos comparadas às do grupo placebo. A febre severa foi 14 vezes mais comum entre vacinados, por exemplo.

 

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Ideias

Processo judicial

O que documentos inéditos sobre a vacina da Pfizer revelam sobre seus riscos

Eli Vieira

Por

Eli Vieira

10/03/2022 17:48

Vacina da Pfizer

Vacina da Pfizer: documento traz informações inéditas| Foto: EFE/EPA/MICHAEL REYNOLDS

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“Como se tornou o padrão”, diz de forma resignada o juiz americano Mark T. Pittman em sua decisão de janeiro, “as partes não conseguiram concordar com uma agenda de produção [de documentos] mutuamente aceitável”. As partes são a Administração de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos (FDA) e a organização sem fins lucrativos Profissionais da Saúde Pública e Médicos pela Transparência (PHMPT). A última forçou a primeira, via Lei de Acesso à Informação do país, a liberar documentos a respeito dos trâmites que levaram à aprovação da Comirnaty, vacina de mRNA da Pfizer-BioNTech. O processo começou em setembro de 2021.


A FDA foi condenada pelo juiz a tornar públicas 300 mil páginas dos documentos, começando com a liberação imediata de 12 mil, seguida de 55 mil páginas por mês. Antes, em novembro, a agência havia proposto liberar os documentos no ritmo de 500 páginas por mês. Isso significa que a liberação completa levaria 55 anos ou mais. A justificativa para esse plano intergeracional é que somente dez funcionários cuidam dessa tarefa, e que já estavam ocupados com 400 outros pedidos de informação via lei de acesso à informação. É preciso, por exemplo, anonimizar pacientes nos documentos. Mas o juiz não se convenceu.


O juiz mandou que a ONG e a agência publiquem um relatório de progresso no dia 1º de abril. A primeira leva de 55 mil páginas foi liberada no dia 1º de março, perdendo atenção nas notícias para a situação na Ucrânia. A ONG reclamante selecionou 150 arquivos, equivalentes a 500 páginas (menos de 0,2% do total) e os disponibilizou em seu site. A Gazeta do Povo traz abaixo uma seleção das informações contidas nesses documentos, com explicações e pontos de cautela.


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BMJ x Facebook

Um documento traz informações previamente confidenciais de 191 locais em que foram realizados os estudos da vacina, e o pesquisador responsável por cada um. A grande maioria é nos Estados Unidos, mas também foram envolvidos África do Sul, Alemanha, Argentina, Turquia e inclusive o Brasil. Alguns pesquisadores ficaram responsáveis por mais de um centro. Por exemplo, a pesquisadora Laura Hammit, da Universidade Johns Hopkins, ficou com nove centros. No Brasil dois locais foram envolvidos: Cristiano Zerbini cuidou do estudo no CEPIC (Centro Paulista de Investigação Clínica e Serviços Médicos Ltda.), em São Paulo; e Edson Moreira da Fiocruz conduziu o estudo no Hospital Santo Antônio e Associação Obras Sociais Irmã Dulce, em Salvador.


Estão listados também quatro locais em que o estudo foi conduzido pela subcontratada Ventavia Research Group, de onde veio uma denúncia de más práticas de pesquisa pela ex-funcionária Brook Jackson publicada em novembro de 2021 na revista científica British Medical Journal (BMJ). Brook Jackson tem experiência de 18 anos em ensaios clínicos e tinha posição imediatamente abaixo de CEO na Ventavia, supervisionando a obediência da empresa às leis, regulamentos e protocolos científicos.


A publicação da BMJ foi rotulada no Facebook como “sem contexto” pela agência de checagem de fatos Lead Stories. Seguiu-se uma disputa pública entre a agência e a revista. Jackson no momento está processando a Ventavia e a Pfizer em um tribunal do Texas que liberou no mês passado um documento dos trâmites do processo.


A ex-auditora clínica alega ter observado diariamente “fabricação e falsificação de informações em amostras de sangue, sinais vitais, assinaturas e outros dados essenciais” do estudo local, acusa a Ventavia de ter incluído participantes ilegítimos, incluindo familiares, de ter mantido o imunizante em temperatura inadequada, entre outras más práticas. Importante lembrar que somente 2% dos locais de teste foram administrados pela Ventavia.


Engolir moeda, ser atingido por um raio: eventos adversos?

Particularmente interessante é o documento de título “Análise Cumulativa de Relatos de Eventos Adversos Pós-Autorização da [Comirnaty] recebidos até 28 de fevereiro de 2021”. As primeiras doses do imunizante foram autorizadas para armazenamento em 1º de dezembro de 2020, e para uso emergencial dez dias depois nos Estados Unidos. A aprovação completa veio quase um ano depois, em 21 de agosto de 2021. Portanto, os dados incluídos neste relatório vão até seis meses antes da aprovação completa da vacina da Pfizer.


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A análise cumulativa foi produzida em resposta a uma requisição da FDA por um plano de farmacovigilância, como a introdução do documento mostra. Antes de discutir os resultados, é muito importante que fique clara a diferença entre evento adverso e efeito colateral. Evento adverso é quase literalmente qualquer coisa negativa que possa acontecer com um participante de um estudo clínico como o desenvolvimento da vacina.


Em um documento similar a respeito da segurança da vacina da Pfizer para crianças, disponível no site da FDA, é listado como evento adverso, por exemplo, o caso de uma criança que engoliu uma moeda (p. 45). Já outro relatório a respeito da vacina de mRNA da concorrente Moderna lista como evento adverso sério o caso de uma pessoa idosa que foi atingida por um raio (p. 54). Ninguém em sã consciência pensaria que esses seriam efeitos de ter tomado as vacinas. A palavra efeito implica relação de causa e consequência.


Sabemos que a miocardite em homens jovens a uma taxa de 10 a 20 por 100 mil é um provável efeito da vacina da Pfizer. Mas isso é porque foram feitas mais investigações para ligar o evento adverso a este fator. É por cautela que os pesquisadores incluem todo tipo de evento adverso não só daqueles pacientes que receberam a vacina como também dos que não receberam e são do grupo controle (que não recebe nada) ou placebo (que recebe algo inócuo sem saber se é a vacina ou não). Inicialmente ao menos, os pesquisadores também não sabem quem recebeu a vacina ou não (a falta de anonimização de participantes foi um dos defeitos alegados por Brook Johnson no caso dos testes locais da Ventavia). Além disso, ao coletar eventos adversos ativamente ou passivamente, os pesquisadores também não sabem se um evento adverso como, digamos, derrame cerebral é comparável ao caso de engolir moeda ou ser atingido por um raio, ou se é mais parecido com a miocardite masculina jovem.


Por isso, aqueles que estão usando a liberação desses documentos para alegar ou insinuar que todos os eventos adversos listados na análise cumulativa foram causados pela vacina da Pfizer estão fazendo desinformação, de forma consciente ou não.


Resultados da análise cumulativa até fevereiro de 2021

Ao atender ao pedido judicial por informação, a FDA removeu do relatório da análise cumulativa o número total de doses entregues ao redor do mundo (p. 6), mas informa que há 42 mil relatos de eventos adversos, 2% dos quais são mortes. A remoção das informações é feita com uma tarja cinza com um código em cor preta que vem da lei americana e significa que foi ocultada uma informação sensível. Pode ser sensível para o governo federal, ou uma informação comercialmente sensível para a fabricante da vacina.


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Por exemplo, é ocultado o número de novos funcionários que a Pfizer contratou em tempo integral na época para lidar com os relatos de eventos adversos, que é informação privilegiada a respeito da empresa, assim como o número de funcionários que ela planejava contratar até junho de 2021. A FDA não existe para prejudicar comercialmente a Pfizer, mas para regular seu trabalho e monitorar a segurança de seus produtos. No entanto, a remoção da informação do número total de doses tem o efeito de dificultar o cálculo da incidência de cada tipo de evento adverso por dose.


Fica evidente a inadequação dos relatos de eventos adversos para fazer conclusões causais quando se analisa os 42 mil casos. Por exemplo, 71% dos relatos são a respeito de mulheres, contra 22% dos homens (o resto não tem informação de sexo). Isso não está de acordo com um dos efeitos adversos preocupantes mais bem conhecidos, que acontece mais em homens jovens. Uma hipótese que explica isso melhor é que as mulheres são mais propensas que os homens a buscar ajuda médica, são mais avessas a correr riscos. Isso exemplifica como os relatos têm ruídos de influências diversas que nada têm a ver com a real incidência de reais efeitos colaterais. No entanto, mais pessoas do grupo dos vacinados tiveram eventos adversos comparadas às do grupo placebo. A febre severa foi 14 vezes mais comum entre vacinados, por exemplo.


O tema central de muitos dos documentos liberados é justamente os efeitos adversos cobertos pela análise cumulativa de um ano atrás. Ela já está desatualizada. Temos análises envolvendo mais pessoas, com mais rigor. Uma delas, organizada por um consórcio de planos de saúde, foi publicada no Journal of the American Medical Association (JAMA), com a primeira autoria de Nicola Klein, do Centro de Estudos de Vacinas do plano de saúde Kaiser Permanente. O estudo monitorou semanalmente os eventos adversos em 6,2 milhões de pacientes com duas doses cada até junho de 2021, ultrapassando a cobertura de tempo da análise cumulativa da Pfizer. Aproximadamente metade desses receberam a vacina da Pfizer, metade recebeu a vacina da Moderna, também de mRNA.


Os cientistas dos planos de saúde investigaram por teste estatístico se os eventos adversos observados nos vacinados estão acima dos níveis esperados. A inflamação do coração e em seu revestimento foi observada em 34 casos, 85% deles em homens jovens. Esse evento esteve acima do esperado para a população em geral, o que sabemos de outros estudos, pois essa inflamação, além de ser evento adverso, é também efeito colateral. Consistentemente com outros estudos, foi leve e passou rápido na maioria dos casos. Nenhum outro evento adverso esteve mais presente entre vacinados que na população em geral

Mais informações liberadas por via judicial

Apesar de ser uma pequena fração do que está por vir nas 55 mil páginas de informações a serem liberadas mensalmente pela FDA a respeito da vacina da Pfizer/BioNTech, já há muita informação nos 150 arquivos liberados. A principal informação é a do relatório da análise cumulativa, em torno dos quais muitos outros arquivos orbitam, sendo dados brutos. Há mais coisa digna de menção neste comentário inicial.

Na defesa da Comirnaty, especialmente contra críticas exageradas, alguns podem ser tentados a alegar que o uso pretendido da vacina é o que ela está entregando agora: diminuir o risco de um quadro de covid mais grave. Os documentos mostram que isso não é verdade e a vacina foi apresentada à FDA como “imunização ativa para prevenir a doença de coronavírus 2019 (COVID-19)”. Prevenir a doença é diferente de prevenir um pior quadro dela.


Os documentos mostram que a Pfizer já sabia, através dos modelos animais, que mais doses intensificavam efeitos adversos: “A incidência e severidade das reações foi maior depois da segunda ou terceira injeções comparadas à primeira injeção. A maioria dos animais tiveram um edema muito tênue depois da primeira dose. Depois da segunda ou terceira dose, a severidade do edema aumentou para grau moderado ou, raramente, severo.” Também é revelado que a fabricante sabia do rápido decaimento da proteção vacinal.


É confirmado pelos arquivos que o imunizante não fica no local da aplicação e se espalha pelo corpo, como já havia sido sugerido pela Agência Europeia de Medicamentos e por um relatório japonês que vazou. As nanopartículas de mRNA são encontradas em pequenas quantidades nos ovários, no baço e 16% ficam no fígado após 48 horas da injeção.

Estamos só no começo da jornada de saber o que houve nos bastidores da FDA quando a Pfizer fez seu pedido de licença para a vacina Comirnaty. Porém, como no caso do relatório da análise cumulativa de eventos adversos, muita cautela deve ser usada na hora da interpretação da novidade das informações. Circular uma lista de mais de mil eventos adversos listados no relatório como se fossem todos conhecidos como efeitos colaterais é, de fato, desinformação.



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